segunda-feira, 7 de maio de 2012

Diante da lei

Diante da lei há um guarda. Um camponês apresenta-se diante deste guarda, e solicita que lhe permita entrar na lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixá-lo entrar. O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar.
- É possível – disse o porteiro - , mas não agora.
A porta que dá para a Lei está aberta, como de costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guarda vê isso, ri-se e lhe diz:
− Se tão grande é o teu desejo, experimenta entrar apesar de minha proibição. Mas lembra-te de que sou poderoso. E sou somente o último dos guardas. Entre salão e salão existem guardas, cada qual mais poderoso do que o outro. Já o terceiro guarda é tão terrível que não posso suportar seu aspecto.
O camponês não havia previsto estas dificuldades; a Lei deveria ser sempre acessível para todos, pensa ele, mas ao observar o guarda, com seu abrigo de peles, seu nariz grande e como de águia, sua barba longa de tártaro, rala e negra, resolve que mais lhe convém esperar. O guarda dá-lhe um banquinho e permite-lhe sentar-se a um lado da porta. Ali espera dias e anos. Tenta infinitas vezes entrar e cansa o guarda com suas súplicas. Com freqüência o guarda mantém com ele breves palestras, faz-lhe perguntas sobre seu país, e sobre muitas outras coisas; mas são perguntas indiferentes, como as dos grandes senhores, e para terminar, sempre lhe repete que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se abasteceu de muitas coisas para a viagem, sacrifica tudo, por mais valioso que seja, para subornar ao guarda. Este aceita tudo, com efeito, mas lhe diz:
− Aceito-o para que não julgues que tenhas omitido algum esforço.
Durante esses longos anos, o homem observa quase continuamente ao guarda: esquece-se dos outros, e parece-lhe que este é o único obstáculo que o separa da Lei. Maldiz sua má sorte, durante os primeiros anos temerariamente e em voz alta; mais tarde, à medida que envelhece, apenas murmura para si. Retorna à infância, e como em sua longa contemplação do guarda, chegou a conhecer até as pulgas de seu abrigo de pele, também suplica às pulgas que o ajudem e convençam ao guarda. Finalmente, sua vista enfraquece-se, e já não sabe se realmente há menos luz, ou se apenas o enganam seus olhos. Mas em meio da obscuridade distingue um resplendor, que surge inextinguível da porta da Lei. Já lhe resta pouco tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências desses longos anos se confundem em sua mente em uma só pergunta, que até agora não formou. Faz sinais ao guarda para que aproxime, já que o rigor da morte endurece o seu corpo. O guarda vê-se obrigado a baixar-se muito para falar com ele, porque a disparidade de estruturas entre ambos aumentou bastante com o tempo, para detrimento do camponês.
− Que queres saber agora? − pergunta o guarda. – És insaciável.
− Todos se esforçam por chegar à Lei − diz o homem −; como é possível então que durante tantos anos ninguém mais do eu pretendesse entrar?
O guarda compreende que o homem está para morrer, e para que seus desfalecentes sentidos percebam suas palavras, diz-lhe junto ao ouvido com voz atroadora:
− Ninguém podia pretender isso, porque esta entrada era somente para ti. Agora vou fechá-la.

KAFKA, Franz. Diante da Lei. In:______. A Colônia Penal. São Paulo: Livraria Exposição do Livro,1965. p.71.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Das Utopias
Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!



Mario Quintana
O Mapa
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei


(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar

(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...

QUINTANA, Mário. Apontamentos de história sobrenatural.  3. ed. corr. e aum. Porto Alegre: Globo, 1984.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Para refletir!

"Nada pode impedi-lo quando você estabelece um objetivo.
 Ninguém pode impedi-lo, a não ser você mesmo.
 Eu acredito nisso."  Sidney Sheldon
Serenata de amor

Eu sonho com vocês todos os dias,
mesmo quando não estou dormindo.

Muita gente queria estar no seu lugar agora.
Aproveite seu serenata.

www.serenatadeamor.com.br

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Vocabulário do Roger


Com 1 ano e 4 meses
Meme - comer, meu, bolacha
Bu - TV
Trole - controle
Dente - escovar os dentes
Cocó - galinha e aves em geral
Auau - cachorro
Taqui - está aqui
Papa - comida
Mama - mamadeira
Boleta - borboleta
Menão - caminhão/ônibus
Vião - avião
Tau - tchau
Tata - tartaruga
Na - não
Caba - cabra
Pacapa, Dica pau - Pica Pau
Quele - colher
Bola - bolo
Tida - margarina
Manica - máquina
Oger - Roger

Com 3 anos
Obinus - ônibus
Mama - mamadeira
Dente - escovar os dentes
Tida - margarina
Belicia - delicia
Manica - máquina
Pericoteru - helicóptero
Golume - Volume
Abajulio - Abajur
Afiosa - tesoura (mistura de afiada com perigosa)

Com 5 anos
Hamburgueri

Água ele sempre falou direitinho!