sábado, 2 de agosto de 2014

Pare de ‘pensar pobre’: usado é igual a ‘velho’?

Gastar. Costumo dizer que, quem deseja ser mais econômico, precisa aprender a “gastar mais”. Não estou falando de gastar mais dinheiro, porém de gastar mais “as coisas”. Por um minutinho, voltemos aos tempos da vovó: há uma atitude que a vovó tinha, muito saudável para as finanças pessoais, que é o hábito de usar as coisas até gastar. Infelizmente a maior parte de nós acabou deixando de lado este bom hábito, submersos nessa onda desenfreada de consumismo que vamos viveciando nas últimas décadas.
Como? É assim que a vovó fazia: comprar coador de café novo? Só se o antigo gastasse, mesmo, se chegasse a fazer buraco! O mesmo critério do buraco valia para o assento das cadeiras, e até mesmo para as ceroulas do vovô. Trocar? Só quando fizesse buraco de tanto usar, e buraco do tipo irremendável! Para trocar de sapato tinha de gastar a sola e depois trocá-la também várias vezes até gastar completamente, inclusive o couro de cima. Sovinice? Devo contra-argumentar que, até mesmo do ponto de vista ecológico, essa postura de usar até gastar por completo faz muito mais sentido.
Tempos ‘modernos’. Mas hoje não é assim que o pessoal vê “as coisas”. Tem que trocar tudo bem antes da hora. O celular tem que ser trocado porque, oras, já lançaram modelo mais novo e mais cheio de recursos (que, muitas vezes, você nem vai usar). Ou então: “Sabe, o meu caiu no chão e ficou com um risco aqui na tela, já não é mais novinho em folha.” A roupa tem que descartar porque agora a moda “é outra”. O carro, tem que trocar porque você acaba de descobrir no jornal que virou de modelo.
Vai nessa? Pense bem, o que é mais importante para você: o fato de possuir, ou efetivamente poder usufruir? Se for a simples posse das coisas, vá fundo nessa bobagem de trocar tudo bem antes do final de sua vida útil. A regra será sempre tentar possuir o último modelo, a novidade, o lançamento, o top de linha. E aposte aí todos os seus cobres, até mesmo seu equilíbrio e sua tranquilidade financeira.
Não! Se o seu barato é poder verdadeiramente usufruir das coisas, pare de “pensar pobre” e considere a hipótese de usar até gastar por completo. Então vá lá e compre um novinho em folha. Dê sua cota de contribuição para salvar a natureza, colaborando para a redução da emissão de lixo tóxico nas águas e gases poluentes na atmosfera. De quebra, ainda vai sobrar dindin para lhe custear boas “experiências”.
Economista com MBA em Finanças (USP), orientador de famílias e educador em empresas, é colunista da BANDNEWS FM e fundador da SOBREDinheiro. Diretor do site www.oplanodavirada.com.br, da EKNOWMIX Consultores Integrados e da TECHIS SA.
Metro Jornal de Porto alegre - 24/07/2014.

http://www.metrojornal.com.br/nacional/marcos-silvestre/parte-de-pensar-pobre-usado-e-igual-a-velho-112631

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